Como os nómadas digitais vão mudar as viagens de negócios
Nómadas digitais e as viagens de negócios! A transição digital dos eventos MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions) originada pela pandemia pode ter tornado dispensáveis muitas viagens de negócios.

COMO OS NÓMADAS DIGITAIS VÃO MUDAR AS VIAGENS DE NEGÓCIOSNo entanto, o business travel não está esquecido nem ultrapassado, mas sim a transformar-se. O setor, aliás, está confiante na retoma deste segmento, como indica o recente Inquérito IPDT Retoma do Turismo, no qual 96% dos responsáveis inquiridos consideraram mesmo que “as viagens de negócios não vão sofrer uma diminuição significativa no período pós pandemia”.

Tomemos como exemplo o bleisure, uma prática que ganhava adeptos entre os que procuravam juntar viagens de negócios (business) a momentos de lazer (leisure). Na sua forma tradicional – o tempo extra para explorar a cidade e/ou aproveitar a companhia de um familiar ou amigo – o bleisure poderá ter esmorecido, porém, conhece uma renovada faceta. Afinal, o trabalho, a formação ou os serviços remotos tornaram-nos, mais do que nunca, “nómadas digitais”, capazes de cumprir tarefas em qualquer lugar e hora, desde que conectados digitalmente. Esta maior flexibilidade que a pandemia nos despertou, vem possibilitar uma maior conciliação entre vida pessoal e profissional – o chamado work-life balance – que pode aplicar-se também ao turismo e a um novo tipo de bleisure.

Em vez da deslocação pontual para uma conferência ou reunião, que se prolonga com o propósito do lazer e recreio, podemos ter agora quem opte por trabalhar remotamente de um qualquer destino escolhido, usufruindo em simultâneo e de forma melhorada das duas vertentes – negócio e lazer. É certo que podemos estar a falar de deslocações sobretudo internas e em menor número, mas falamos também de estadias mais longas e melhor distribuídas no tempo.

Esta dispersão é, aliás, uma tendência sentida por todo o setor, que se depara com turistas que procuram destinos secundários (o que explica, em parte, o crescimento acentuado dos destinos de natureza e do interior) e em momentos menos procurados (crescerá a shoulder season, o período entre as épocas mais alta e mais baixa). Para além disso, também como resultado da pandemia, o turista tem-se mostrado progressivamente mais exigente, não só com medidas de higiene e segurança, mas também com a procura de experiências mais significativas, sustentáveis (para o ambiente e para as comunidades locais) e personalizadas.

Nesta busca pela personalização, a tecnologia é um poderoso aliado, pois a análise de dados e inteligência artificial são imprescindíveis não só para a criação de experiências tailor made, mas também para a competitividade digital das empresas. Não devemos, contudo, esquecer que a tecnologia não atua por si só, mas antes depende dos profissionais do setor, a quem caberá o papel fundamental de identificar e potenciar formas de pôr a tecnologia ao serviço das suas empresas e clientes (e nunca o contrário).

Para que isto seja possível, continuará a ser indispensável a capacitação de profissionais especializados, a quem acrescerá a tarefa de aproveitar este momento adverso para reinventar o setor do Turismo, como resposta às tendências aqui elencadas e para que este recupere a importância económica e social que granjeou nos últimos anos. No ISAG – European Business School, partimos para este ano letivo com consciência desta missão de formar verdadeiros “profissionais da mudança e do futuro”, movidos, mais do que nunca, pela inovação, resiliência e criatividade. Connosco estão cerca de 1.000 alunos cuja confiança neste futuro de retoma se mantém: a prova disso é que, ao contrário do que poderia ser expectável, no caso da Licenciatura em Turismo, a procura manteve-se em linha com o ano passado e, na Licenciatura em Gestão Hoteleira, registou-se até um aumento do número de candidaturas e ingressos.

Fonte: António Lopes de Almeida, Docente do ISAG – European Business School, Publituris